"Just myself can say who I am"

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

                                            O delírio

A história do homem e da terra tinha assim uma intensidade que lhe não podiam dar nem a imaginação nem a ciência, porque a ciência é mais lenta, e a imaginação  mais vaga. Enquanto eu ali  era condenação viva de todos os tempos,  para descrevê-la  seria preciso fixar um relâmpago. Os séculos desfilavam-se  num turbilhão, e não obstante, porque os olhos do delírio são outros, eu via tudo o que passava  diante de mim, desde essa coisa que se chama glória  até   essa  coisa que se chama miséria. E via o amor multiplicando a dor, e via a miséria agravando  a debilidade. Aí vinham a cobiça que devora, a cólera que inflama, a inveja que baba, e a  enxada a que  corrói, úmidos de suor e cobiça; a fome, a vaidade, a melancolia, a riqueza, o amor e  todos agitavam  o homem, até  pouco a pouco destrui-lo.


 Autor: Machado de Assis

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

 Era mais fácil no passado, onde cada um reconhecia seu papel. Enfrentavam as coisas que eram erradas, faziam o certo e esperavam que fizessem o certo também.  O jeito que você vivia torcendo para escapar ileso te preparava para confrontos inevitáveis. Confrontos que nem sempre acabavam bem. Até que ocorreu um  erro,  nós criamos leis da decência e advogados tornaram-se nossos pastores.  Oque antes era fácil de se compreender  se tornou um modelo do que hoje em dia chamamos de civilização. O homem não conseguia  mais enfrentar oque havia de errado ao seu redor,  precisava de se esconder atrás dos tribunais e vasculhar quilômetros de fitas.  Eles não ligam para oque você vê,  isso não é progresso, não é evolução. é uma doença e precisa de alguém para entender oque é preciso.

 Autora: Gabriela Resende